Depois de descer do ônibus ela está ali: esguia, imponente, assustadora: a passarela! Atravesso-a como um equilibrista iniciante atravessa a corda bamba, disputo o chão e o céu com motos que infringem as leis dos homens e de Deus. Desemboco no calçadão, entre casas de favela, entre cachorros famintos, entre barracas de comida. O cheiro de cerveja é natural no ambiente, vencendo o fedor da baía de Guanabara. Vejo crianças correndo pela areia, leves como as gaivotas (ou seriam urubus que estão ali?). O Piscinão de Ramos é como uma lagoa de água translúcida à beira da Avenida Brasil: fácil de chegar e fácil de sair. É a medida perfeita para agradar a população mais pobre e não deixar que ela se aventure nas praias que, apesar de públicas, sempre pertencerão aos ricos e aos turistas.
Antunes
Santa Cruz de la Sierra, 4 de mayo de 2010
simples, pontual, fotográfico e objetivo.
bom!
Dagoberto
As praias são públicas, e prefiro não meter essa de que pertecencem a gregos ou troianos. São públicas. O que acontece é que as praias só ficam no litoral (alguma novidade até aqui? não. Mas é com as coisas imbecis que consigo ilustrar e desenvolver o raciocínio do não-óbvio). Pois bem, o Rio de Janeiro é uma cidade versátil, grande e nem todos têm o privilégio de morar na beira da praia (alô, Jacarepaguá). Eu acho legal a iniciativa de ‘construir’ o piscinão. Não enxergo ele como um expulso das praias cariocas em entrelinhas; sinceramente não. Eu acho legal porque é um modo de lazer mais perto que economiza tempo e dinheiro aos ‘ramienses’ (vixi, isso nem existe). Se o lago é realmente limpo e tem seus devidos cuidados, isso não outros quinhentos. O que estou dizendo é que acredito na proposta. Ramos, O Piscinão é só a alternativa. Mas deixe que a população escolha onde quer ir se divertir…