Ah, as mulheres! Avós, mãe, irmãs e esposa. Ah, as mulheres! Nunca se iluda achando que viajar com uma mulher é apenas viajar com uma mulher. Este feito inclui roteiros não esperados como shoppings, galerias, feiras, mercados…. ah, as mulheres! Nos fazem seguir a lógica de Antonio Machado: fazer caminho ao andar. Com elas, não há linhas retas, todos os caminhos são sinuosos e tangem lojinhas de brincos, de bolsas e de sapatos. Não me entenda mal, pois não falo mal. Creio proveitoso para conhecer o outro lado do turismo: conversa com vendedores, pechinchas, descoberta de produtos etc. etc. etc.
O consumo em uma viagem internacional é o que denominarei de consumo circular: começa e termina no mesmo ponto. Tal ponto chama-se Duty Free. O duty Free, na minha desimportante opinião, serve apenas para comprar perfumes, pois eles são caros em tudo que é lugar. Então, já que é pra tomar facada, importemos a faca! Fora isto, são montes de produtos caros e sem sentido, todos vendidos em dólar. Por exemplo: caixinha de chocolate importado = 20 dólares. Sou mais comer meu Lolo (não me renderei ao milkbar), ou chocolate do fofão, ou, pra rebuscar, um delicioso Serenata de Amor. Pra que precisamos de chocolates importados? Diria o tosco MV-Brasil: “M&M é o cacete. Viva o Disquete, chocolate nacional vendido no trem!”
Pairando sobre o macro tema, Buenos Aires, pode-se dizer que a cidade estimula o consumo ao extremo. Há produtos para todos os gostos e, com o peso desvalorizado, tudo cai pra metade do que está no Brasil.
Shoppings, – mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto – não os recomendo. Só se for pra echar um vistazo. Os produtos, na sua maioria, são importados e muito caros. O maior deles chama-se Abasto. Foi motado onde era o antigo e tradicional mercado Abasto. O Shopping mais bonito é conhecido como Galerías Pacífico. Possui pinturas que tentam dar um arzinho de capela sistina. Vá, tire uma foto, e saia correndo sem ver os preços.
Bom mesmo, pra comprar, é a Calle Florida, com lojas bem baratas e com lembrancinhas pra levar pra casa. Se quer agradar uma bela dama, leve-a Florida e deixe-a se perder em um infinito mar de bolsas de couro que os vendedores chatíssimos quererão empurrar. Aproveite para procurar livros baratos. Com habilidade, você conseguirá comprar.
O que faz mais meu estilo é o Caminito. Vende produtos típicos e artesanais. Encontrei por lá uns simpáticos bonecos do Maradona, do Borges, da Mercedes Sosa e do Che Guevara. Outro lugar bom de achar artesanatos é a, já citada em postagens anteriores, Plaza Francia. Domingo, ela oferece uma feira imensa e cheia de badulaques interessantes. Vale também dar uma olhada nas lojas de Palermo Viejo, próximas a Plaza Cortázar. Há desde lojas importadas e caras, passando por lojas descontraídas e baratas, chegando a mais feirinhas.
Para quem gosta de aventuras mais exóticas, vai a dica: vá aos supermercados argentinos. A comida tá baratinha. Dá pra encher as malas de gulosinas e terminar a viagem lotando a pança de doces de leite, presuntos, sucos e mate…
Antunes
Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 2010