Andava pela orla de Iracema. Buscava um acesso até a areia, algum espaço que não tivesse restaurantes. Era domingo de páscoa, o calçadão, a areia, as cadeiras dos restaurantes, tudo estava vazio.
– Oi, tudo bom? – disseram
– Oi.
– Pode tirar uma foto minha? É pra guardar de recordação– era um turista de meia idade.
– Claro, posso.
– Você é do Rio de Janeiro?
– Isso.
– Sotaque lindo.
– Ah…
– Estudei lá, em Seropédica.
– Ah, legal…
– Você vem sempre aqui?
– Não. A câmera, por favor…
– Ah, claro…
– Enquadra aqueles cruzeiros atrás de mim…
– Ok.
– Quando for tirar avisa pra eu sorrir.
– Pronto, confere se ficou boa.
– Não precisa, sei que está ótima.
Depois, ele apagou as fotos da câmera. A única recordação que queria era ter as digitais de alguém em algo que fosse seu.
Antunes
Rio de Janeiro, 24 de maio de 2011