“Qué ambiente más cómodo. Sillones de cuero. Saloncitos cerrados. Zonas para dormir, para fumadores, para ver televisión. Hay una barra en la que se pueden pedir licores, café y refrescos. Neveras con agua mineral, jugos y sádwiches. Un escaparate contiene periódicos de Europa y Estados Unidos, lo mismo que revistas como Newsweek, Harper’s Bazaar, Bild, Caray, cómo se cuidan los viajeros. La mayoría son hombres de negocios, Señores muy serios de vestido y corbata.” (Santiago Gamboa em Los Impostores)
Não há nada tão ruim que não possa melhorar, assim reinvento o ditado popular e assim tive minha concepção sobre o vôo um tanto quanto reinventada também. Foi na viagem à Colômbia aquela em que enfrentei sérios problemas para embarcar e fiz três tentativas até conseguir (ver o vídeo da postagem anterior):
1ª Compraram uma passagem pra mim via Panamá, não pude embarcar porque o Panamá precisa de passaporte.
2ª Compraram uma passagem pra mim via Venezuela, não pude embarcar porque Venezuela à época, também precisava de passaporte.
3ª Finalmente embarquei, fui pra São Paulo, passei à noite no hotel do aeroporto e segui para Bogotá e, depois, Barranquilla (meu destino).
A sorte foi, que no desespero e na pressa, só conseguiram vôos na classe VIP da Avianca. Ou seja, foi difícil ir, mas quando fui, fui como um magnata.
Aos que nunca tiveram o privilégio de entrar na sala VIP (eu estou há séculos juntando milhas da GOL pra tentar acessar) – relato:
É uma sala com sofás confortáveis, bebida liberada, comida liberada, tudo que é tipo de jornais e revistas, internet, banheiros limpos e cheirosos. Os VIPS jamais enfrentam filas quaisquer. Ou seja, dá pra entender como executivos conseguem viajar tanto de avião e não ficam entediados.
Mas o maior privilégio vem depois: entrar no avião e ter 3 ou 4 janelas só para você, saber que seu banco pode deitar, rodopiar, balançar… Logo que entrei, estava deitadão, esparramado na cadeira-cama, veio a aeromoça com uma toalhinha quente e úmida para higienizar as minhas mãos. E tem entrada, almoço, sobremesa, bebidas… Ganhei presentinhos! E olha que nunca uma empresa de avião tinha me dado nada além de desespero!
Mas o sonho acabou… se a ida foi um privilégio, na volta mal consegui reclinar o banco: minhas pernas ficaram dormentes, a coluna doía. E lembrei que não havia nada tão bom que não pudesse piorar. Findava a vida de magnata. Acabava o carnaval aéreo em que eu fantasiava ser alguém.
Antunes
Rio de Janeiro, 21 de janeiro de 2011