O dia em que tiradentes perdeu a cabeça

Não sei porque este tipo de culto, sei que há. Bem no centro d’Ouro Preto está a estátua do Joaquim José com a inscrição: “Aqui ficou exposta a cabeça de Tiradentes.” O leitor deve saber que após ser enforcado, o Joaquim José foi esquartejado e sua cabeça se destinou ao centro d’Ouro Preto. Fico a imaginar como deve ter sido aquele fatídico dia em que algozes vestidos de negro pararam a picotar o martir e a ouvir dos governantes: a cabeça ficará aqui na praça, a perna irá ali praquela esquina, o braço colocar-se-á acolá. Imagino, senhor leitor, a fedentina de carniça espalhada pela cidade, as moscas e a urubuzada inda mais famitas que os moradores. Imagino, ainda, senhora leitora, a pobre e púdica dona Maria, todo dia a ir reclamar com as autoridades, pois, por morar em residência pouco nobre, penduraram bem em frente a sua casa, logo a cabeça menos nobre do Joaquim José. Todo dia ao abrir a porta de casa, via pendento ao alto dum poste e a apontar para a sua residência, aquela cabeça de pau.

Sentado ao Palácio da Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, 18 de setembro de 2010

O monumento a Tiradentes bem no Centro de Ouro Preto

Está escrito: "Aqui em poste de ignominia esteve exposta sua cabeça"

Tiradentes num céu azul

Só assim para erguerem monumento a um dentista.

Uma resposta para “O dia em que tiradentes perdeu a cabeça

Deixe um comentário