Arquivo da tag: Mina

Um carro muito grande com as rodas enormes

Quando eu era pequeno, meus carros eram ainda menores. Ficava ajoelhado no corredor da casa e disputava corrida entre eles. Dada época, parei de gostar de carros. Acho que foi quando lançaram um número maior do que eu conseguia decorar. Hoje, só reconheço fusca, Kombi, ônibus e Fiat Uno do antigo. Quando entrei na mina de Itabira, meus olhos brilharam feito à época de criança. Vi um carro com as rodas enormes, com uma aparência monstruosa, eu batia na metade da roda. Era como se eu tivesse ficado criança e os carros crescido.  Subi por uma escada que me levava para a cabine do piloto e, lá do alto, vi o horizonte cinza. Andei feliz naquele carro imenso e até me deixaram brincar de destruir a cidade…

Antunes
Rio de Janeiro, 5 de janeiro de 2011


Filmagem que fiz da Mina de Itabira em cima de um Caminhão Fora de Estrada

Diante dum caminhão fora de estrada. Tenho 1,80 e bato na metade da roda dele

Caminhões imensos de carregar minério

O peso de um caminhão desses é cerca de 450 toneladas

Diante deles, o outro carro parece de brinquedo

Foto que tirei SOB o caminhão fora de estrada

A escada que leva à cabine

Caminhão fora de estrada sendo abastecido

A linda ruína de Itabira

A lua: seca, cinza, morta, esburacada. Mas quando está no céu, os casais a olham e lhe dizem linda. Quero os olhos dos casais, estes de olhar a lua, pra qu’eu possa olhar o câncer. Quero os olhos dos católicos que santificam as chagas de Cristo e tocam-na e beijam-na. Quero os olhos do primeiro artista que gritou “linda” à Torre Eiffel, monte de ferro exposto. Quero os olhos de um deus que achou bonito ter hienas entre sua criação. Itabira é seca, cinza, morta, esburacada e linda! Linda com a beleza da supremacia do homem sobre a natureza. Linda com a vitória do ferro sobre as árvores. Linda porque a criatura de deus destruiu as criações de deus. Linda como o homem que é feito de ferro até a alma. Itabira é linda, embora feia pra caralho e justamente por isso. Se nos regozijamos com as ruínas incas, se sabemos gozar com os restos egípcios, se ejaculamos sobre os destroços do império romano, por que não podemos ter prazer nas nossas próprias ruínas?

Antunes Rio de Janeiro, 5 de janeiro de 2011

Pretos Mina

Preto mina é pras lavras, pras faisqueiras. A fama dos minas na faiscação, o faro para o ouro. Tinham parte com o demo, feiticeiros. De longe os olhos de um mina eram capazes de catar num cascalho um grão de ouro da melhor qualidade.”
(Autran Dourado, Os Sinos da Agonia)

A primeira sensação que tive foi medo. Abordou-nos um guia turístico como se lesse pensamentos: querem conhecer uma mina? Queremos – disse minha esposa. Eu me sobressaltei, não sabia se podia confiar no homem. Começou a nos conduzir por subidas daquelas que só se encontram nas Minas Gerais. Depois de muitos passos, temi por nós. Começamos a entrar em algo parecido com uma favela. Pensei: nos arrastou feito dois gringos ingênuos e agora nos vai assaltar e matar, nosso corpo ficará eternamente perdido, ironicamente sem história diante de uma Cidade Histórica. Mas não. Não morríamos e parecia que não iríamos morrer. Chegamos a um casebre só de tijolos, um barraco. Dentro dele havia uma mina: Jeje. Dizem que, próximo ao Centro de Ouro Preto, é uma das melhores Minas pra se visitar por seu bom estado, iluminação e por quase não ter infiltrações e umidade. Um curioso por profissão foi nosso guia. Não apenas conhecia a mina, como conhecia Ouro Preto, as rochas, os morcegos, os fantasmas dos escravos, as almas penadas dos senhores, a assombração de Tiradentes e onde morara cada pepita de ouro que havia sido retirada dali e levada para Portugal. Diferente dos escravos, nos protegemos com capacetes. Um senhor, nos primeiros segundos, claustrofóbico, pediu para retornar, desistiu de visitar a mina. É o medo. Medo porque as rochas cantam cantos fúnebres que aprenderam com os escravos. Os caminhos se estreitam, até que chegamos a uma clareira. Por ali passaram escravos cujo destino era apenas lavrar e morrer. Morriam: centenas, milhares. A vida era curta quando se trabalhava dia e noite deitados à escuridão, lavrando. Uns conseguiam o êxito de algum ouro escondido no cabelo, sob a língua, ocultado no cu. Para os brancos, os pretos mina eram os diabólicos, pois não tinham o que perder, a vida já estava perdida. Foram estes pretos do diabo que cobriram de ouro as igrejas de Vila Velha, de Lisboa e, quiçá, de Roma. Foram estes pretos que não foram pra história.

Antunes
Rio de Janeiro, 5 de outubro de 2010

A entrada da mina é por uma casa, mais parece um barraco

À entra da Mina

Nôla às portas da Mina

No melhor estilo "tchui tchun clais"

De onde era extraído o ouro

Dentro da mina

Corredores cada vez mais estreitos

A mina se torna em certos trechos, bem baixa


Interior da Mina Jeje

Carajás, cidade da Vale

Na vila da Vale as casas são todas iguais

Na vila da Vale as casas são todas iguais

Carajás é um nome de vários donos, mas os primeiros que sei, são índios que habitam a região do Pará em que estive. E, por muita homenagem, ou por falta de criatividade mesmo, foram batizando os lugares assim. Serra dos Carajás é uma serra florestada que separa o Centro de Parauapebas da vila de Carajás, uma pseudocidade da Vale e tema desta crônica. Tem também Canaã dos Carajás, tema de futuras crônicas e Eldorado dos Carajás que seria tema de crônica, todavia não mais será. Os viventes no geral, racionais e sentimentais, ambos, ou nenhum, conhecem Parauapebas e Carajás como duas coisas diferentes, embora não sejam. Diga a um taxista: leve-me para Parauapebas e ele levar-te-á para um lugar; diga leve-me para Carajás e, sabiamente, levará a outro, porém, politicamente, diz-se que Carajás é parte de Parauapebas, tenho também minhas dúvidas. Os animais, igualmente, reconhecem a diferença: em Parauapebas com exceção dos anus e algumas colônias de abusados insetos, não se vê bicho; já em Carajás, rebolativas cutias atravessam as ruas, cigarras prolongam seus cantos, passarinhos sabe-se lá seus nomes, camaleões são pedras andantes. A vila é arborizada, as casinhas são bonitinhas e todas iguais, as flores são paisagem comum e o símbolo da Vale é mais famoso que do McDonalds que não existe. Mas seria estranho se não houvesse reclamações diante do lugar que se candidata a Éden. Adão diz que não agüenta mais andar pelas ruas carajaras, conhece todos os seus vizinhos, pois são funcionários da mesma empresa e, pra ele, sentar à mesa dum bar é como sentar à mesa de trabalho. Eva carece cidade e em Parauapebas tá se aprontando shopping, a sua amiga serpente só a vive tentando e o que tem de melhor parece estar pendurado em algum’árvore do centro de Peba. Carajás é uma vilinha de casas sem grade que prova que os bichos são menos perigosos que os homens. Carajás é uma vilinha de casas sem grade em que o tédio corre solto pelas esquinas. Carajás é uma vilinha de casas sem grade que sua fachada bonitinha esconde a cratera imensa que a mina de ferro faz lá’trás. Carajás é uma vilinha de casas sem grade que prova que o homem mesmo sem grades é prisioneiro do trabalho.

Antunes
Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2009

O tal do potássio

Nunca fui chegado à banana, vitamina inda vai bem, às vez. que comer mais banana, é bom pros osso, pros músculo e pro coração, é rica em potássio, diz minha mãe.  Pois adentrei Sergipe e, no meio dum mato, está a Vale do Rio Doce. Descobri que a Mina de Taquari-vassoura é a maior mina de potássio do Brasil, quiçá do mundo. Pois então, num deixe que minha mãe veje esta mensage, senão vai me dizê: come um pouco dessa terra aí, minino, come que é bom pros osso!!!

Antunes – no avião, rumo a Belém – 17 de setembro de 2009.

Mina de Potássio - a solução contra a osteoporose.

Mina de Potássio - a solução contra a osteoporose.

Eu, em busca da cura para problemas cardíacos, ósseos e musculares na mina de Potássio.

Eu, em busca da cura para problemas cardíacos, ósseos e musculares na mina de Potássio.